data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Com valorização, produtores se animaram para a próxima safra
Mesmo após sofrer com a quebra de cerca de 57% na última safra da soja, parte dos agricultores que ainda conseguiram segurar o produto para vender depois têm motivos para comemorar, pois a saca do grão estava cotada, sexta-feira, na cifra recorde de R$ 111 na região - é uma valorização de 55% em um ano, pois em 7 de agosto de 2019, valia R$ 71,50. Até quem já tinha entregue todo o produto com preços menores está animado com a expectativa de bons preços para a próxima safra. O mesmo clima de otimismo se repete entre os produtores de arroz.
VÍDEO: em trabalho remoto, Rádio Armazém completa 5 anos de atividadesO chefe do Escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Santa Maria, Guilherme Godoy dos Santos, classifica o preço da soja como "excelente". Para ele, a notícia é um alento depois dos prejuízos causados pela seca. Além disso, Santos percebe que houve um aumento da procura por crédito agrícola nos bancos. O comportamento, segundo ele, significa que os produtores estão confiantes para a próxima safra.
- Os juros do crédito agrícola baixaram, e a procura está muito grande. É a menor taxa nos últimos cinco anos. Os recursos são usados na compra de insumos, maquinários, e fomentam a economia local. Se não tivéssemos a seca, teria gente plantando soja até no pátio de casa - diz Santos.
O gerente comercial de grãos da Cotrijuc, cooperativa de Júlio de Castilhos que faturou R$ 1,25 bilhão e movimentou 11 milhões de sacas de soja em 2019, Luiz Cesar Moro, explica que a valorização do grão se deve ao aumento da demanda do mercado brasileiro. De soja, vem o óleo, inclusive para a produção de biodiesel, e o farelo para a fabricação de ração ou exportação para outros países. No entanto, não há como garantir que o preço se mantenha bom nos próximos meses. De acordo com Moro, vários fatores interferem:
- O mercado internacional pós-pandemia gera incertezas. Quem ainda tem soja estocada pode aproveitar para vender.
data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Quem ainda tem estoque de soja pode aproveitar o bom preço para vender
CONTRATOS FUTUROS
Diante da falta de prognósticos exatos, agricultores têm apelado para os chamados "contratos futuros". O aumento da procura por esse tipo de negócio é relatado tanto pela Cotrijuc quanto pela Cooparcentro, outra empresa do ramo na Região Central. O modelo é uma forma de garantir melhor rentabilidade na hora da colheita.
- A região de Júlio de Castilhos já está com 30% da próxima safra vendida. Na semana passada, fechamos contratos a R$ 102 a saca da soja - diz o gerente comercial da Cotrijuc.
O custo dos insumos (fertilizantes, fungicidas, inseticidas, por exemplo) varia conforme o preço do dólar. A situação não é tão preocupante porque, apesar terem ficado mais caros, proporcionalmente, o valor da soja subiu mais, conforme Moro.
Para o diretor administrativo da Cooparcentro, João Maraschin, a procura pelos contratos futuros deverá aumentar mais. A cooperativa tem fechado contratos na faixa de R$ 100 a saca da soja. Agora, a empresa faz o beneficiamento de sementes para a próxima safra.
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PREÇO DO ARROZ SOBE 57% EM 12 MESES
a expressiva no preço foi o arroz. Na sexta-feira, o produto estava cotado a R$ 69. Na mesma data em 2019, o valor era R$ 43,70. Um aumento de 57%.
- O arroz está com um valor bastante atrativo. A cadeia produtiva foi muito prejudicada durante anos devido ao preço baixo. A cotação estimula a safra gaúcha, que é a maior do país - opina chefe da Emater em Santa Maria, Guilherme Godoy dos Santos.
INVESTIR NO SOLO
Nos últimos meses, os agricultores têm se organizado melhor para administrar a safra. O aumento pela procura de projetos de estruturas de armazenamento de grãos aumentou 50% na Emater de Santa Maria.
Prever se o próximo verão será cruel como o último é difícil. Porém, o que os produtores devem fazer é investir no manejo do solo para amenizar, ao máximo, possíveis perdas.
- O retorno do investimento em solo é garantido. O agricultor precisa cuidar para não se empolgar muito e não dar um passo maior que a perna. É preciso saber dimensionar a capacidade técnica e produtiva - diz Santos.
A área plantada de soja e arroz tende a aumentar no Estado, mas ainda não é possível precisar o tamanho do crescimento, que depende da estabilização do bom preço dos grãos e da capacidade de investimento de cada empreendedor rural.
Na safra 2019/2020, a área plantada de soja em Santa Maria foi de 47 mil hectares, e de arroz 6,8 mil hectares.
CRÉDITO AGRÍCOLA
- É uma das modalidades de financiamento para os empreendedores rurais e é concedido por bancos privados e públicos e é subsidiado pelo governo federal. Para consegui-lo, o produtor precisa de um projeto técnico. Uma das instituições que pode elaborar este projeto é a Emater. Em Santa Maria, mais informações pelo 3221-7961
*Colaborou Rafael Favero